O autoritarismo petista e o caso Marília

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Em junho de 2012, Maurício Rands, então filiado ao PT, abandonou a legenda partidária. O motivo: a imposição autoritária da Executiva Nacional petista, do nome do senador Humberto Costa (PT) como candidato a prefeito do Recife. Por causa do episódio Rands se “recolheu à reflexão”.

Havia disputado as prévias dentro do partido com o então prefeito João da Costa que lhe venceu. Esse resultado não foi respeitado pelo PT nacional e o prefeito teve que ceder a vaga na disputa a Humberto Costa contra a própria vontade.

Pelo próprio histórico de dignidade e lucidez, Rands fez o que lhe pareceu mais certo; deixou o partido e deu uma pausa na vida pública.

Passou o tempo e, em 2018, o PT deu mais um exemplo de “perene ação democrática”. Desta vez fritou a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco em detrimento de um acordo com o governador Paulo Câmara (PSB) em favor de... advinha quem? Humberto Costa. Agora Costa precisava reeleger-se senador e isso importava mais à executiva do partido.

Dar rasteira em na deputada Marília parece ser o novo passatempo do PT de Pernambuco. Ela até pretende disputar a Prefeitura do Recife este ano, mas “no meio do caminho” há Humberto Costa que torce e trabalha pelo acordo partidário com a candidatura socialista na capital pernambucana.

Até mesmo opinar parece ser proibido. Imagine que a deputada ousou dizer que a ação da Polícia Federal na Prefeitura do Recife esta semana “reforça a preocupação com a falta de transparência no uso de recursos públicos que deveriam estar sendo usados para salvar vidas”.

Deu ruim. O senador viu “uso eleitoreiro da ação” por parte de Marília. E a nota publicada pelo partido diz que a fala da deputada “só fortalece um posicionamento Bolsonarista”. Acusação aberrante. Mas vale qualquer acusação débil contra quem desagrada a cúpula petista, pois o autoritarismo rejeita críticas.

Mais racional, o ex-deputado Fernando Ferro (PT) saiu em defesa de Marília. Para ele, os ataques à deputada “são covardes e levianos. Marília é uma companheira de luta, comprometida com as causas populares e fortemente ligada aos princípios democráticos”...

Se deputada resolver deixar o PT não lhe faltará abrigo em outras legendas. Mas ela continua, talvez por identificação. Em todo caso vale seguir o exemplo de Rands, pois foi uma decisão sábia e de amor próprio. Refletir sobre isso é o mínimo que Marília pode fazer a seu favor.

Humberto acusou Bolsonaro de interferir para investigar (perseguição) ao governador do Rio e ao prefeito do Recife
Foto: Câmara dos Deputados

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