Crônica (Vidas refeitas)

Comentarios
Foto: Decore Pronto

Na Zâmbia houve um caso inusitado. Vibrante, diriam alguns. Atraente, diriam outros, a depender de como seja espichado o enredo.

Naquele país da África Austral, um canal de TV decidiu recrutar das ruas, dezoito mulheres para disputar um prêmio por meio da resistência a um confinamento, num desses realitys shows. E o que querem as mulheres da Zâmbia, ou o que lhes está sendo oferecido? Um marido. Elas, como qualquer outra mulher do mundo, de pele branca ou escura e retinta; seja do Japão, da Itália ou do Brasil, sonham casar. Ter simplesmente um lar, e não é fácil.

Ocorre, como já foi dado a entender, que essas zambianas querem reconstruir suas vidas a partir do casamento. O sacrifício não é só pelos nove mil dólares. Há a necessidade de resgatar a honra. Ainda que pareça estranho; essa é a melhor parte da história: as mulheres têm a oportunidade de deixar a prostituição para trás.

Elas aceitaram participar do programa Pronta Para Casar, porque desejam ardentemente ter casa e família; pretensão digna. E quem pode condenar, ou mesmo rotular que certas pessoas trazem uma “sina” e devem carregá-la para o resto da vida? Era pra ser diferente o senso crítico em casos desta natureza. Elas merecem, sem dúvida, a segunda chance. A terceira ou mais, também. Em nada, em nada mesmo, os seres humanos são maiores que outros.

Não há forte por si só. Não há sábio, nem senhor da verdade. Portanto, se nem Jesus Cristo as condenaria por erros passados, imaginem nós, sujeitos que somos ao pecado? Enxergar melhor é não apontar pedras em direção à cabeça de pessoas com vidas controversas, nem às demais. Elas teriam “vida fácil”? Falta de opção, sim. Algumas podem ser, quem sabe, mães solteiras sem condições de sustentar os filhos. Essas mulheres em nada diferem das alemãs, norueguesas ou portuguesas. São humanas; têm alma e, como principal necessidade, a essência sublime do perdão. Porque só o perdão as fará diferentes. Só o reaver da vida as resgatará; coisa que nem a água do mar, mesmo forte e viçosa as regeneraria. Aliás, a Zâmbia nem tem costa marítima. Tem a exuberância das famosas cataratas de Vitória, no Rido Zambeze, mas nem isso substitui o perfume do perdão.

#Compartilhar: Facebook Twitter Google+ Linkedin Technorati Digg

0 comentários:

Postar um comentário

Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.