Crônica (Revelações de um ditador)

Comentarios
Reprodução

Segundo li em um site, o ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein, antes de morrer, tentou escapar da forca usando argumentos frívolos. Confuso, não desejava o tribunal internacional, mas as leis de seu país. Na verdade queria ganhar tempo antes da degola, sensação horrível e desconhecida, e muito mais dolorosa por ser pré-anunciada. Muitas vezes, conforme andei fuçando em diversas matérias fez ele próprio esse tipo de anúncio, e agora o dia da colheita o espantava. 

Naquele instante, a dura colheita pesava em seus ombros, não podia fugir. Era notório o desespero em seu semblante. Enquanto não saia a decisão, praticamente não comparecia aos tribunais, pois acreditava que a justiça era tendenciosa aos seus inimigos, os EUA.

O comportamento era próprio de um leopardo que pretende se safar. Nem a humildade de outrora voltava à sua imaginação. O intervalo entre a infância e a velhice, conforme relatos, fora sanguinária e homicida. Saddam Hussein nasceu em família humilde, quis ser profeta, mas não o foi. Ao contrário, matou muita gente, quando o “olho por olho e o dente por dente” já não existia. 

Dizem que sofreu auguras, quando na infância, naquela família de camponeses ao norte do Iraque, antiga Babilônia, seu pai foi assassinado pelo amante de sua mãe. Mas, isso não lhe concedia o direito de matar, a ponto de mais tarde, ver-se na obrigação de ser julgado pelo tribunal internacional. Certa vez, quando condenado à morte por rebeldia, o ex-ditador fugiu do país, tal qual Moisés fugiu do Egito quando matou um homem. O hebreu tinha a proteção divina, mas Saddam, apesar de se dizer religioso, parecia estar distante disso. Conta a lenda que ele se disfarçou de mulher para poder fugir de seu país. Em outra ocasião, tirou à faca, uma bala embutida no corpo, narcisista da valentia que era. Dessa vez não usou sua força e o poder que acreditava ter para não ser julgado, ou ser pelas leis do seu país.

01 de janeiro de 2007 – 13h:58min
Os noticiários revelam passagens da vida do iraquiano que tanto podem ser ficção, quanto realidade. Creio em algumas. Um enfermeiro que o acompanhava na prisão, em Bagdá, revelou que Saddam mostrou seu lado ‘jardineiro’. É bem possível que tenha feito isso por terapia, afinal ninguém é totalmente ruim. Vez por outra, mostra-se um lado amoroso em certos momentos da vida.

E não era só regar as plantas no jardim da prisão. Dizem que guardava pão para os pássaros e usava café e charutos para manter sua pressão sanguínea sob controle. O fato de usar café e charutos a seu próprio favor não me comove e creio que nem a maioria da população mundial. Mas guardar pão para os pássaros é atitude nobre.

Ao jornal americano St. Louis Post Dispatch, o sargento Robert Ellis, deu detalhes sobre os últimos meses de vida do ex-presidente iraquiano na prisão - que era chamado de “Victor” entre os militares no campo. Ellis, responsável pela saúde de Saddam entre 2004 e 2005, via o antigo “sanguinário” escrever poesias, talvez para se sentir mais humano. O ex-ditador também se recordava de quando contava histórias para suas filhas dormirem. São percepções que dizem fazer parte do prenúncio da morte. O julgamento não falhou e apesar da resistência, teve de morrer de uma maneira que considerava pouco conveniente, não por não ter “honra”, mas para causar maior sofrimento, já que preferia tiros à forca.

#Compartilhar: Facebook Twitter Google+ Linkedin Technorati Digg

0 comentários:

Postar um comentário

Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.