O “texto” (o bolsonarismo é a imagem do PT vista no espelho)

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Foto: Farol News

Um texto escrito pelo professor de Finanças Paulo Portinho, divulgado n’O Estado de São Paulo, amedronta a população brasileira. O conteúdo sugere que o fraco desempenho do Governo Bolsonaro perante o Congresso, seria pela resistência em não fazer conchavos políticos para governar.

A considerar verdadeira a hipótese de “idoneidade” do presidente, pode-se acreditar que a classe política, em sua maioria, é corrupta. O próprio Bolsonaro aventou isso ao compartilhar o texto no WhatsApp. Ele pediu que todos replicassem a mensagem, cujo conteúdo fala sobre as pressões das “corporações” e como o país está “disfuncional”. Diz, também, que “até agora (o presidente) não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou.” No caso, o Congresso, tido como defensor dos interesses das corporações, e “corrupto”, estaria dificultando o progresso da gestão bolsonarista.

Seria verdadeiro? Vejamos algumas considerações: 1-mesmo em sua fase mais crítica, o Congresso sempre teve nomes idôneos a exemplo de Pedro Simon, Cristovam Buarque e outros poucos; 2- atualmente temos um Legislativo renovado em mais de 40%, cujos atores estariam interessados na nova forma de fazer política e não em ingressar na corrupção com apenas quatro meses de mandato; 3 – por qual razão os poderes teriam interesse em permitir um choque entre Executivo, Legislativo, corporações e Exército, onde cada um lutasse pelos respectivos interesses? Seria o ensaio de guerra civil? Com qual finalidade? 

Assessores em volta do presidente, se forem sérios, devem se preocupar com o Brasil e não apoiar a convocação a um manifesto, onde até mesmo o Exército aparece como um potencial “inimigo” do presidente, por ser, em parte, “voltado para a Esquerda”.

O texto também cita a trajetória dos governos desde FHC, passando por Lula e Dilma Rousseff, para mostrar a “servidão” de todos à política neoliberal. 

Mas o que Bolsoraro põe em prática mesmo é o jogo da notícia de grande relevância, enquanto o povo esquece o que de fato o afronta; no caso os escândalos envolvendo o filho Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz. É a receita usada por Lula quando maximizou o plebiscito das armas para atrapalhar o mensalão.

Não há dúvidas de que Bolsonaro quer se fortalecer, e para isso usa o tal texto. Ao invés de gravar um depoimento à nação, prefere convocar um ato para o dia 26 (domingo). Assim, se conseguir o apoio das massas, pode agir para que o Congresso seja pressionado e diminuirá o papel do Legislativo, das corporações e da imprensa. A verdade será o que ele disser (sonho dos governos petistas). E é isso que o presidente leva adiante; a mensagem de que a imprensa ludibria a população. Isso prevalecendo os brasileiros usarão “um filtro” para avaliar se a notícia merece credibilidade. Os critérios serão as regras ditadas pelo governo. O PT bem que investiu em um modelo de “mordaça” (marco regulatório) para controlar a imprensa, mas Bolsonaro pode conseguir coisa parecida sem grandes esforços.

Inevitavelmente a classe política estará minimizada. Dessa forma, o presidente da República será mais poderoso. A corrupção exposta, as punições e prisões em massa, farão com que as pessoas tenham eterna gratidão ao presidente por essa conquista. Bolsonaro jamais dirá que as chagas expostas da corrupção política já vêm sendo abertas desde Lula e Dilma, com a finalidade de conquistar o poder absoluto. Com esse mérito, o sucessor natural do petismo, ao qual diz abominar, será uma espécie de Hugo Chávez do Brasil, a quem tanto criticou na campanha, mas a quem também sempre admirou. Em verdade, o bolsonarismo é o petismo visto no espelho.

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