Entrevista (Fábio André: Uma vida dedicada à arte)

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Produtor cultural, encenador e professor de Filosofia e Arte, Fábio André de Andrade Silva é um expoente do teatro pernambucano. Fábio é o fundador do Centro de Criação Galpão das Artes, grupo que eleva a arte cênica limoeirense, nivelando-a com as melhores do Brasil.
Dirigiu peças inesquecíveis com grande sucesso de palco, a exemplo da Inconveniência de Ter Coragem, com texto de Ariano Suassuna. Produziu, também, O macaco malandro, No humor como na guerra, O amor do bumba Coração de Prata pela burrinha Florisbela e outros.
Na cultura popular, é o responsável pela pesquisa do folguedo O morto carregando o vivo e do brinquedo Mané Gostoso. Tem experiência na área audiovisual com o filme “O Sumiço da Santa”, “Segredos de Confissão”, além da participação no documentário “O coco de Zé de Teté”. Na entrevista a seguir, Fábio André fala sobre a vida e a arte.

Como o teatro surgiu em sua vida?Particularmente sempre considerei que a história do Colégio Regina Coeli se confunde com a formação do município de Limoeiro. Tive minha base escolar (educação infantil) na Escola Chapeuzinho Vermelho (Vânia Cantinho) e, logo em seguida, migrei para o Colégio Regina Coeli, onde concluí o meu ensino médio. Creio que a convivência com as freiras franciscanas e as aulas de arte me influenciaram bastante, a exemplo de Irmã Andrea, Gorete Aquino e João Tavares. O gosto pela estética, com certeza, veio das aulas de Irmã Reinelldes Schmitt. Já em 1987, fui morar no Janga e de lá fui estudar o curso básico de formação do ator na Fundação Joaquim Nabuco, com duração de dois anos. E lá fui aluno dos melhores mestres das artes cênicas, como Rubem Rocha Filho (já falecido), Antônio Cadengue, Maria Paula da Costa Rêgo e Leila Freitas Torreão e ainda sob a coordenação da incrível Geninha da Rosa Borges.

A sua atuação tem o marco da persistência e mudou o conceito de uma geração, fazendo-a amar o teatro. O que o levou a acreditar que isso era possível?Na minha adolescência, convivi pouco com os próprios adolescentes e minhas conversas e convivências foram com adultos e idosos. O que me aproximou muito da arte e, principalmente, da música. Ouvia muito Geraldo Vandré e Elis Regina. E escutava muito que não se acreditava nos jovens. Isso me deixava estarrecido.  E nisso, fui percebendo que era possível reverter esse quadro estigmatizado. É quando chega na minha vida a professora Maria Inez Duarte, a quem, até hoje, sou intensamente grato pelas tantas oportunidades que obtive. O jovem, ainda hoje, necessita dessa ferramenta que liberta e que apaixona tantos aqui em Pernambuco pelo papel político e pela multiculturalidade existente fortemente, que é o teatro.

Ter um elenco e um espaço conquistado e mantê-los por décadas numa cidade interiorana não e fácil. Como se sente em ter inserido o teatro de Limoeiro entre os grandes de Pernambuco?Com uma responsabilidade gigantesca, carregando nas costas, pois o fardo é muito pesado. Atualmente, dividimos as tarefas e as nossas intenções muito naturalmente, acreditando que o Centro de Criação Galpão das Artes é realmente um espaço que promove lideranças. Exemplo disso, é Tarcísio Queiroz, Jadenilson Gomes e Charlon Cabral. Onde chegam, sabem conquistar novos parceiros e contribuem muito bem nas discussões mais relevantes e significativas quando o quesito é cultura e educação. Sabemos fazer intervenções.

Fale de seu lado artístico?Sou diretor de teatro, por convicção. Mas, gosto muito de escrever. E acredito que o teatro salva, como afirma Renata Sorrah, atriz carioca. O palco não é apenas um espaço físico. É um lugar onde possíveis e impossíveis dialogam e contribuem para o desenvolvimento humano. A nossa corrida hoje é em busca da felicidade. Ser feliz naquilo que fazemos é garantir o gozo da satisfação de ser gente, mesmo que para tudo haja um preço. Mas, importante é ser feliz.

Sobre os planos futuros...Temos uma agenda recheada até o final do ano; contempla música, teatro para crianças e adultos, exposições, lançamentos de livros e oficinas de várias linguagens. Mas, em 2016, vou começar a ensaiar um novo espetáculo. E será direcionado ao público adulto. E é uma comédia. Estou concluindo o curso de pedagogia na Faculdade de Ciências Aplicadas de Limoeiro (Facal) e pretendo, logo em seguida, trabalhar na retomada das ações voltadas ao Ponto de Memória e ao atendimento às crianças e adolescentes no próprio Centro de Criação Galpão das Artes.

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