Entrevista: Fernando Henrique Cardoso

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Em entrevista ao editor de Política da Revista IstoÉ, Sérgio Pardellas, Fernando Henrique Cardoso revelou que, “há dois anos, não acreditava na possibilidade de uma derrota eleitoral do governo.” Na conjuntira atual, o ex-presidente aponta dois fenômenos que favorecem a oposição.

:: Fadiga - Hoje existe um mal-estar no País. Isso favorece a oposição. Por isso, acho que temos grandes chances. Há também o cansaço de material. Fadiga. O Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, com 54% de apoio, é um dos poucos que contrariam essa tese. Há uma fadiga em relação ao governo. Bem, também existe a fadiga da classe média em relação ao PT. Sobretudo em São Paulo. É assustadora essa rejeição de 47% no Estado e 49% na cidade.

:: A vez da oposição - Vou ser sincero: há dois anos eu não acreditava na possibilidade de uma derrota eleitoral do governo. Porque o governo é o governo, tem recursos enormes e tem a exposição permanente. Os meios de comunicação, sobretudo a televisão, vão para um lado só. A televisão brasileira é esporte, crime, um pouquinho de internacional e muito governo…

:: Inflação - A população está interessada no bolso, e isso pesa muito hoje, porque a inflação para o povo é mais do que 7% – está em cerca de 10%. Hoje, o Bolsa Família é menor do que o bolso. A Bolsa não é suficiente para o bolso. Para as classes mais populares a vida está cara. Para a classe média também. Para o povo, inflação é carestia. Estamos vivendo de novo um problema de carestia. Nisso o candidato de oposição tem que ser claro. O governo atual levou a essa situação.

:: PIB - Existe uma corrida pelo crescimento do PIB. O governo está em busca disso. Mas a sociedade não quer só isso. As pessoas querem viver melhor. […] Queremos entrar no Primeiro Mundo. O Primeiro Mundo não é um país que tem muito PIB. É um país em que se vive melhor...

:: PT X PSDB - As diferenças, hoje, são lidas no espectro ideológico, direita e esquerda, mas não se dão nesse espectro. Na formulação é como se fosse ‘uns estão para cá, e outros estão para lá’. Na realidade não é assim. A diferença entre o PT e o PSDB é principalmente a concepção que se tem da política e do governo. O PT acredita que se muda o País ocupando o Estado e através do Estado tomando as decisões, controlando mais, sobretudo a economia. O PSDB acredita mais que é preciso não ocupar o Estado e ter uma relação maior com a sociedade...

:: Geopolítica Eleitoral - […] O PSDB nunca tinha conseguido isso e estamos alcançando agora: uma harmonização grande entre São Paulo e Minas. No Rio, nunca tivemos uma grande força e agora o Aécio Neves tem sido hábil e conseguiu desorganizar lá a base do governo. Para vencer, precisamos consolidar o peso que temos por aqui [Sudeste] e reduzir a diferença no Norte-Nordeste. No Estado de São Paulo, o Aécio ganha no segundo turno e, na cidade, no primeiro turno. No Sul, a gente ganha. Na Bahia, estamos razoavelmente bem. Em Pernambuco, o Eduardo Campos, candidato do PSB, vai tirar votos da Dilma. No Ceará, fizemos acordo com Tasso Jereissati e Eunício Oliveira, do PMDB. E temos as prefeituras de Maceió, Teresina, Belém, Manaus, algo que nunca tivemos. Por isso, a chance de ganhar aumentou...

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