Superdotados, escolástica, Eduardo Bolsonaro

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Eu não conheço Eduardo Bolsonaro. Não opinarei sobre ele. Prometo. Melhor, não forjarei dados nem cruzarei informações, ou mesmo repetirei palpites só para mostrar que foi precipitada a escolha do presidente da República para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Também nada disso farei para provar que a escolha foi acertada.

Cabe-me dizer que o Brasil vivencia o espetáculo do acirramento eleitoreiro que emburrece os protagonistas envolvidos.

Também arrisco dizer: o Brasil é o país do desvario, da precipitação e da mistura incontrolável das informações. Mas, muito mais: é o país dos superdotados, “eruditos”, prontos para sanar todas as dúvidas e resolver todas as causas.

A fórmula é simples: a escolástica. Isso mesmo: o método do pensamento crítico que concilia a fé com um sistema de pensamento racional. Por isso há resposta para tudo, mesmo quando o entorno não é estudado pelos emissários das opiniões. É provável que muitos de nós desconheçamos a escolástica, mas dela usufruímos às cegas.

Nas terras de Macunaíma o empirismo tem pouca chance. Nele a ciência como conhecimento só pode ser derivada a partir dos dados da experiência. Daí que a construção do conhecimento pode gerar o problema da indução. Nada feito. A precipitação é a meta. Os superdotados para todos os assuntos fazem a lei.

E a lei é fazer prognósticos com base nas crenças. E a crença dos brasileiros é impermeável à grandeza. Os valores arraigados no nosso povo estão prefixados. Ainda que a luz do conhecimento dê mole para nós, os valores permanecem imutáveis. 

Os seres superdotados em nosso país deleitam-se no conhecimento pré-estabelecido sem se dar conta do quanto esse saber é insignificante no universo das ciências. Também descartam a própria ignorância e têm certeza de tudo. Mal um assunto torna-se evidente, nele cravam as opiniões. 

Não param sequer para fazer uma leitura dos pontos favoráveis e contraditórios sobre determinado assunto. Os superdotados, não custa repetir, são especialistas nas coisas mais inimagináveis possíveis. 

Se o assunto é futebol, eles são os melhores escaladores. Se é previdência, grandes especialistas em contas públicas se alistam para guerrear a causa. Até um assunto novo como a nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro para a embaixada brasileira no país de Tio Sam, suscita inúmeros experts em relações internacionais.

Não sei se recrimino ou aplaudo. Afinal essa “erudição” é admirável. E agora ela não se limita às esquinas e bares, surgem como flashs incontáveis em todas as mídias.

Estava certo Umberto Eco quando disse que “as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”.

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