Revanchismo e a polêmica da educação

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O governo investe contra a educação; foi a ideia pregada nas manifestações de maio. O governo precisa priorizar a educação básica, dizem os governistas. O governo ataca o universo ideológico do “esquerdismo”, afirmam observadores. Pelo jeito ainda durará muito o revanchismo ideológico entre ativistas da esquerda e o bolsonarismo.

Quem, afinal, estaria com a razão, se é que a razão convive com a falta de bom senso? A grosso modo, nenhum. Mas tentaremos expor fatos que podem nos ajudar a compreender parte da problemática.

Por não haver investimento sério, o ensino de base no Brasil é de má qualidade. Colhemos inúmeros analfabetos funcionais, aqueles que entram nas universidades e de lá saem da mesma forma, mas com um pequeno acréscimo: a instrução ideológica para defender a bandeira de partidos. De nada adianta os argumentos dos ativistas, em geral infundados. Há uma pesquisa da UNB mostrando que 53% não compreendem o que lêem. Postos em exames simples de exatas, também atestam a qualificação ínfima.

Porém nada, mais nada mesmo, justifica um contingenciamento nos recursos das universidades sem diálogo prévio. Enquanto bolsonaristas expõem mazelas ocorridas dentro dos campus, onde, para serem aceitos, os alunos precisam praticar ou fingir que é normal o uso livre de drogas, o aborto e a orgia, por exemplo, esquecem que a maioria ingressa na universidade para se preparar para o futuro. Estes, principalmente, nada têm a ver com a guerra ideológica.

Governistas defendem o corte nos recursos, porque dizem haver suspeitas de corrupção nas reitorias (“as universidades não conseguem comprovar como foram gastos cerca de 30% dos recursos recebidos”). Não há, porém, como montar um estado policialesco para atuar contra reitores quando ainda não foram comprovados atos fraudulentos. Reclama-se, ainda, de bolsistas que insistem em permanecer na universidade, para beneficiar-se com o prolongamento da bolsa. 

Lá se vão quase seis meses e até o momento o Ministério da Educação não deixou claro como pretende atuar. Como seriam direcionados os investimentos na educação de base? Haverá estímulo aos professores? Mais qualificação?

Sem encarar a educação com seriedade estaremos sempre no círculo eterno de formar profissionais de baixa qualidade. Em muitos países, os professores têm o salário valorizado e rendem mais que os brasileiros. Mas há boa capacitação, o país tem renda per capita por número de habitantes, maior que o nosso e eles só se atrevem a ensinar o assunto que dominam. 

Antes de contingenciar recursos da educação, é preciso capacitar gestores, formar bons professores, priorizar avaliação, oferecer material didático de melhor qualidade e não permitir que na sala de aula se perca tempo com assuntos paralelos. Ah, e também aumentar o salário dos professores. Planejamento e diálogo podem mudar tudo; para melhor.

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Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.