Poema

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Armando Freitas Filho


Um dia 
impossível de lilases. 
Uni dia 
ou um dilema? 
Qual a face da moeda  
que resistirá mais tempo  
fechada na palma  
ao suor da corrosão, à ferrugem  
emudecendo uma voz do dueto  
para dourar a outra, rim solo  
para durar ao sol de um dia inteiro  
às voltas com sua própria sombra  
num duelo único, unânime 
no espelho, longe das luzes dos diademas? 
Açucenas: não me lembro  
de nenhum céu que me console.  
só o que leio a sós 
são os segundos sentidos  
os açúcares agudos  
na véspera do azinhavre  
o silencioso rasgado azul  
de uma bandeira. 

A tarde precipita sua cor  
cai, no começo  
no princípio da noite  
e o que ainda aqui resiste  
meio fera, ao precipício  
ficou na beira da taça  
que não suporta mais  
sequer um riso  
pois todo cristal está sempre 
na iminência, um minuto antes 
de partir. 
  

Por barbear 
com a cara de encontro ao dia  
que espera e arranca  
árvores vivas, folhas de guarda  
de dentro da noite em claro.  
Falso rosto  
impossível prever  
a variação seguinte  
se de sol, se de stress  
no espelho sem controle. 
  
Cortaram o que vivia 
rente ao risco do chão do chão.  
A frio, no açougue  
com o machado da chacina.  
Mato, no pé da estátua  
que se enferruja no céu  
e nos canteiros desordenados  
razzia a navalha  
contra o que ainda respirava pela  
raiz. 

Falo pela alma 
pelo que foge para fora  
do concentrado foco do corpo:  
rude - com raiva e relva  
contra a pele, à contraluz  
metade cavalo  
pedaço de pedra sem asa  
terra-a-terra, e irredutível  
falo 
com coração e técnica.

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