Ciro Gomes, a indecisão do discurso, a lepra e Lula

Depois do impeachment de Dilma Rousseff, Lula achava-se forte. Saiu apoiando candidatos a prefeito pelo Brasil. O fracasso eleitoral foi inevitável. As eleições municipais encolheram o Partido dos Trabalhadores. O PT perdeu mais da metade das prefeituras. Elegeu só 256 nomes no primeiro turno. Para o segundo turno, pode garantir, no máximo, mais sete nomes. É menos da metade do total de prefeitos petistas que chegaram ao poder há quatro anos. Antes de votar, no dia 2, Lula disse aos repórteres que o PT iria surpreender nesta eleição. Mas, logo após os resultados, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, afirmou em uma coletiva de imprensa que “foi uma derrota forte, grande, e que merece um exame minucioso nos próximos meses”. 
Um bom inimigo não falta ao Partido dos Trabalhadores. O maior nesse momento é o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Ele quer herdar os votos petistas. Quer a confiança dos eleitores inflamados com a queda de Dilma. Já disse o maior número de bobagens possível, mas ao ver os resultados das eleições deste ano confessa que o ciclo político do ex-presidente Lula da Silva chega ao fim.
Conhecido pela “língua ferina” com que ataca tudo e todos, disparou: - “O que eu penso é que quem está em final de ciclo é o Lula”. E continuou: - “O Lula descolou-se da realidade. Começou a brincar de Deus, a se autorizar a praticar todo o tipo de coisas intoleráveis”.
O ex-ministro não sabe que discurso adotar. Antes das eleições não ousava dizer qualquer palavra ofensiva contra Lula. Hoje diz que Lula queria “brincar de Deus”. Queria, e Ciro acreditou. Pensou que era verdade.
Ciro chegou a sugerir que “deveria ser formada uma comissão de juristas e, se esses juristas considerassem que o Lula poderia ser vítima de uma prisão ilegal, a opção seria sequestrá-lo e levá-lo para uma embaixada”. O próprio ex-ministro lulista faria isso. E, daí, seria tido como “herói”, mais legítimo herdeiro dos votos petistas.
Mas, as coisas mudam. O resultado das urnas fez de Lula um leproso diante de Ciro. Segundo o ex-ministro, o PT não fez nenhuma reforma importante no país, enquanto esteve no poder. Por outro lado, deputados petistas têm como certa a prisão de Lula e já elaboram o que fazer em seguida. A Ciro resta correr até mesmo da sombra do ex-presidente.