Futebol não é mera diversão. Esse fenômeno cultural e lúdico evolui para a categoria filosófica da história da sociedade. Descamba ao altruísmo dos povos. Provoca intensos debates e perfila nas entranhas de seus artífices.
O volume de interpretações do futebol abrange aspectos sociais e forma sujeitos mais autênticos e reflexivos, embora muitos sejam tentados a cair na armadilha, nada tática, de sugerir fórmulas mirabolantes para formações simples e práticas de times com perfis vencedores. Mas, o torcedor autêntico sempre discute com racionalidade, e esse é um dos aperitivos que move sociedades apaixonadas por futebol, como é o caso da brasileira.Todo e qualquer brasileiro pode sentir-se refletido no futebol. Ultimamente, inclusive, atravessamos uma fase mórbida, mas que não derruba a autoestima de glórias, nem a certeza da capacidade de novas conquistas.
Ao vislumbrar a janela da autoconfiança, vê-se que não há maior ou menor capacidade entre os jogadores brasileiros. Não há força capaz de instituir essa cultura da submissão que os times do Nordeste têm para com os do Sul. Chega a ser exagerada, por exemplo, a vassalagem do futebol pernambucano. Nossos clubes parecem não disputar para ser campeões, mas para servir aos times sulistas. Inúmeros são os jogos - e os do Campeonato Brasileiro deste ano seguem o mesmo modelo – em que Sport, Náutico e Santa Cruz, apesar dos esforços e da capacidade tática, jogam naquela defensiva costumeira e arrancam empates ou derrotas em jogos que favoreciam vitórias. Óbvio que há injustiças na arbitragem, mas os jogadores e a comissão técnica devem transpor essa barreira e deixar para trás o fenômeno da vassalagem que parece impor frigidez ao time. A capacidade humana é igual. É impossível que os pernambucanos não consigam o mesmo êxito dos jogadores de um Bayern de Munique, por exemplo. Isso com condições e muito preparo, naturalmente. Dá para tomar as rédeas da situação e atuar com igualdade e superioridade para com os clubes do Sul. Não dá é o torcedor ser usurpado em sua paixão e assistir ao mesmo filme durante décadas, talvez pela plena confiança dos dirigentes dos clubes em tapear com os sobe e desce ou iguala da vida, e garantir rendas fabulosas sem dar a alegria que o torcedor pernambucano merece. Ir ao estádio é cultura. O que não pode ser cultural é a mesmice do nosso futebol. É hora de jogar com raça e desagradar os adversários.
A cultura do futebol e da vassalagem pernambucana
Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.
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