Se dependesse da opinião pública brasileira, Dilermando de Assis teria sido decapitado. O cadete do Exército assassinou um grande intérprete do Brasil. Isso foi em 1909. A paixão pela vítima, Euclides da Cunha, era quase unânime País a fora. Autor de Os Sertões, Euclides sentiu-se desonrado pelo jovem amante de Ana, a esposa infiel. O escritor pegou um revólver emprestado, foi à casa do acusado e atirou contra ele. Dilermando era campeão em tiro ao alvo. Feriu Euclides com dois tiros mortais.
O caso dá romance, filme, novela ou peça teatral. Nessas linhas, relembra 150 anos de nascimento de Euclides, nascido em 20 de janeiro de 1866. O livro traça o caráter nacional e tem aspecto híbrido. Está dividido em três partes: A terra, O homem e A luta. Na primeira, o autor tenta explicar o ambiente por meio da perspectiva topográfica e geológica. Em O homem, enfatiza a mestiçagem. Na última parte, a “epopéia” euclidiana trata dos costumes da região. Dessa descrição – o aspecto negativo do ambiente-, surge o elo entre os séculos XIX e XX, bem idênticos no sertão nordestino. Vem à tona a figura do jagunço e do saqueador urbano, sucessores do garimpeiro e do saqueador da terra. É um sertão quase extinto. Dele restam a caatinga árida, a falta de chuva e a insistência dos governos com eternas promessas para solucionar a seca. A tática permanece como a “eficiente máquina de votos” para políticos sem caráter. Hoje o sertanejo continua à espera de água via fé. E Deus não falha. Sertões que estavam na seca há cinco anos tiveram chuva abundante neste janeiro, mês em que nasceu o gênio Euclides da Cunha.
Euclides e Os Sertões
Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.
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