Crônica (O jogo da dissimulação)

Comentarios
Separe uma dúzia de seus defeitos mais pervertidos e some-os à ganância exagerada de fazer sucesso a qualquer custo. E, numa rapidez incrível, surge um grande astro ou estrela com o perfil idolatrado pelos maníacos da telinha, pronto para brilhar e influenciar milhares de fãs eufóricos a vibrarem com os distúrbios imorais exacerbados.
E, NÃO esqueça; se você ainda nutre, no mais recôndito de seu coração algum sentimento puro, romântico, mesmo que em raros momentos, atire-o para longe, ele só atrapalhará a sua ascensão.
NUM país onde assistimos a milhões de pessoas preocupadas com o destino de confinados nos realitys show da vida, seu futuro não pode ser levado a sério. É verdade que, na Europa e nos Estados Unidos, as provas são mais ousadas em relação à imoralidade. Mas, no Brasil, desvirtuam os sonhos de muitos jovens e adolescentes.
ISSO porque nosso povo é mais inclinado a facilidades e imediatismos do que a árdua luta para alcançar seus objetivos com serenidade e respeito ao próximo (ou a si mesmo). Resultado disso é subida rápida e queda degradante. É o submundo das “vantagens” fáceis a produzir uma geração inclinada ao comportamento hermafrodita com relação a sentimentos.
NO BRASIL, o comportamento nos realitys show é um tanto desarrazoado. A ideia que se prega sobre a revelação da verdadeira personalidade, inverte-se quando os participantes revestem-se de uma máscara ainda mais dissimulada, amizades falsas (se bem que de olho no prêmio), um perfeito jogo dos interesses a fruir com altivez e naturalidade por meio das atitudes de pessoas que se consideram autossuficientes ao reagirem sempre pela emoção, nunca com a razão.
SURPREENDENTES, as regras dos programas, onde os participantes recebem instruções e são terminantemente proibidos de revelar de imediato o segredo. O escolhido fica rodando de um lado para outro, talvez reprimindo sua própria imbecilidade, enquanto os outros, “aflitos”, tentam adivinhar seus destinos. 
EXAGERADA é a importância dada pela mídia durante, e pós participação.  Os ex-confinados são constantemente convidados para bate-papo em programas de grande audiência. Ou seja, programas que deveriam lançar quadros educativos, escutam com atenção opiniões rancorosas e desprovidas de qualquer bom-senso, mas eivadas de boçalidade.
PARECE que mergulhamos num profundo pesadelo onde a razão não tem mais forças para emergir. Fomos tomados por uma tempestuosa sombra das criações de mentes doentias. Cinzas do medo nos apavoram com pesadas bagatelas de novos famosos criados a partir de uma receita nunca dantes imaginável.
ESTAMOS ilhados por todos os lados dos neo-famosos vindos dos trampolins de araque. Eles são produtos de seus “iluminados” inventores. A mídia é o subterfúgio que alimenta os sonhos para a fama, desde que sejam boçais e se considerem prodigiosos seres acima do Bem e do Mal, dispostos a emitirem opiniões tolas.
NA VERDADE, a síndrome da boçalidade tem um vulto tão enorme e com extremo sucesso neste país, que surge a preocupação de que os pensadores e conferencistas percam seus postos acadêmicos para os novos “debatedores” da mídia cega, que valoriza, acima de tudo, a vulgaridade.
IMAGINAVA-SE também que, com o advento da internet, fosse dada mais importância a conteúdos educativos, e a ferramenta pudesse contribuir de maneira objetiva com a aprendizagem. Não que não o seja, mas entre pesquisar sites culturais ou pornográficos, o jovem ou adolescente migra para a segunda opção. A culpa, falando particularmente de forma individual é dele, mas não só dele.
A INDUÇÃO vem primeiro dos sites noticiosos mais importantes do país que, de forma sorrateira, conduzem a juventude a priorizar conteúdos que supram suas curiosidades sobre quem fez o que no seu reality show preferido. Outro agravante é a atuação dos paparazzi que andam a procura de escândalos de famosos para mostrarem na mídia. A receita funciona através do “descuido” da “vítima” para exibir a nudez e manter-se na mídia. 
POR OUTRO lado, as mentes doentias elevam à categoria de famosos aqueles cuja pretensão seja subir na vida por meio da indecência. Onde vamos parar com tudo isso? A insensatez ocupa o lugar da sensatez, o mau-caratismo, do moral e os defeitos o lugar das virtudes.

#Compartilhar: Facebook Twitter Google+ Linkedin Technorati Digg

0 comentários:

Postar um comentário

Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.