Artigo (Um pouco da Psicodinâmica do Caráter)

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Quando alguém quer definir o caráter de outra pessoa, geralmente tem definições como: “esta pessoa tem uma personalidade muito forte” ou “ela tem esse gênio desde pequena”. Para a compreensão genuína do caráter de um sujeito, a ciência psicológica nos mostra que o mesmo é o funcionamento psíquico em movimento que, em sua constância, vive relacionando-se socialmente e logo os atos dessa pessoa são percebidos por outros; portanto, esse caráter configura-se pelo modo do sujeito agir e pensar.
Existe em nós uma constelação de traços de caráter que, de forma unificadora, formam o caráter humano como um todo. As atitudes e pensamentos demandadas por um sujeito, em sua singularidade, acontecem a partir da sua estrutura caracterológica, pois os indivíduos têm uma personalidade que é inerente a seu caráter. Em 1993, Cloninger e Svrakic colaboraram de forma significativa quanto aos estudos do caráter, enfatizando que a personalidade é regida por dois aspectos fundamentais: o temperamento (hereditário) e o caráter, onde o mesmo é construído, em sua maioria, nas relações interpessoais, numa perspectiva longínqua. Com isso, entende-se que o caráter é herdado através do aprendizado social, cultural e, principalmente, dos inúmeros episódios acrescidos na vida do sujeito.Psicanaliticamente falando, perante a metapsicologia Freudiana, este caráter em nós presente tem um movimento que se realiza quando o Ego lida com o Id, com o Supereu e o mundo externo. No que concerne a parte em que o caráter é estruturado através das relações interpessoais, pode-se dizer que esta formação se dá na dimensão das identificações nas relações objetais; portanto, na “marca” do caráter de uma pessoa existem resíduos de histórias internalizadas, principalmente aquelas vivenciadas em suas relações primárias. E essa história, por sua vez, repete-se pela via inconsciente do sujeito e, assim externalizando, revive de forma saudável ou não, nas relações presentes em seu meio social.
Para que uma pessoa possa desenvolver uma estrutura caracterológica, patológica ou não, depende em muito como foram vivenciadas as relações objetais primárias. Portanto, é de extrema relevância que o sujeito em sua tenra idade, principalmente, obtenha um relacionamento familiar sem prejuízos psíquicos para que este possa desenvolver sua organização caracterológica de forma sadia, sem comprometimento posterior a suas relações sociais, tanto de ordem profissional como afetiva. Salientando de forma mais cientifica, Pires Santos e Gaí Farias nos mostram que “o traço de caráter se manifesta em uma ação pela qual o sujeito leva o objeto a agir de determinada maneira, o que resulta, para o primeiro, em uma gratificação inconsciente”.Perante as identificações do caráter, vemos que os ensinamentos sobre deveres, regras, limites, afeto e respeito durante o desenvolvimento infantil, que acontece na relação primária, torna-se preponderante para principiar os aspectos caracterológicos do ser.
Luana Vasconcelos, Psicóloga
luanapsivasconcelos@hotmail.com

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