Literatura sob encomenda para novos leitores. Dança de palavras em combinações estranhas e elementos tradicionais rebuscados em mórbida repetição, são os ingredientes de uma nova literatura fabricada sob medida, com a clara intenção de atrair milhões de leitores.
É NO MÍNIMO encantador, surpreendente, ver o número de leitores se proliferando. E, mesmo não absorvendo o melhor do cardápio literário, só o hábito de leitura faz-se válido. É o embrião a desenvolver-se e, quem sabe, a tanger jovens e adolescentes para um mundo novo, a descoberta de fontes amplas de uma nova visão, um tesouro particular e intocável: o conhecimento.
UM dos fenômenos mais atraentes da nova fase é a saga vampiresca, Crepúsculo, da escritora estunidense Stephenie Meyer, uma história antiga revestida da couraça da imortalidade. A saga é composta por Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer. Todos os títulos vêm distribuídos em livros e filmes e nada têm a ver com a boa literatura e as boas produções cinematográficas.A LEITURA fácil é composta (ou pelo menos deixa transparecer) por uma técnica onde se estuda antecipadamente o que determinado grupo (no caso adolescentes) deseja de uma ficção. Não há preocupação em projetar um bom enredo. Em Stephenie emerge a ficção de aventura dos primeiros séculos; o amor devotado, o homem que protege e salva. A surpresa, porém, vem com o sobrenatural, o cavalheiro imortal, vencedor das tormentas e romântico, desejado príncipe encantado das adolescentes.
O SUCESSO dos textos da autora vem por indução, ao tocar a sensibilidade dos adolescentes em busca do perfil diferente para novas conquistas. Perfil que, posto em prática na vida real, é destroçado com brevidade pelas intempéries da vida. Modelo bem distante de outros, criados com base nos âmbitos culturais dos povos, onde a literatura assume o papel de construir sempre bons enredos, próximos da realidade, e tem, portanto, mais originalidade.MAS, antes de tudo, a autora e muitos outros de igual sucesso na lista dos mais vendidos, definitivamente não estão entre os que só aumentam o número de livros, pois junto a isso, aumentam o número de leitores. Apesar disso, muito contribuem para formar intelectuais covardes, e recebem apoio de veteranos desse quilate que não conseguem ter uma visão crítica equilibrada e meneiam positivamente a cabeça, perante as bravatas de títulos medíocres.
O cardápio indesejado da literatura (parte I)
Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.
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