João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores do século passado, morreu de forma misteriosa. No dia 16 de novembro de 1967, portanto há 47 anos, Guimarães Rosa, estava com 59 anos. Vestiu o fardão foi à Academia Brasileira de Letras (ABL) tomar posse na cadeira n.º 2. Três dias após a posse, em 19 de novembro de 1967, ele morreu subitamente em seu apartamento em Copacabana, sozinho (a esposa havia saído).
Rosa foi eleito para a Academia em 6 de agosto de 1963. Por quatro anos adiou a posse. Pensava que seu coração não suportaria tanta emoção e estava certo. À época, seu nome era cogitado para o prêmio Nobel de Literatura. Otto Lara Rezende contou que “uma vez um jornal mencionou seu nome como possível candidato ao Prêmio Nobel. (Rosa) procurou-me aflito e pediu-me que, por favor, evitasse associar o seu nome ao Nobel. Por quê? “O Nobel mata” – disse ele, brincando a sério. E pediu-me ainda que desse uma nota sobre a candidatura de outro brasileiro ao mesmo Prêmio Nobel....” Pode dar, com ele não acontece nada” – disse. O temor da morte também estava associado à sua posse na Academia. No mesmo dia, Rosa almoçou com a mãe na casa de seu tio, o também escritor Vicente Guimarães Rosa, que atribui o adiamento da posse a uma outra causa: “De seus sete tios amigos, quatro morreram quando viviam os 58 anos. Posse na Academia só mesmo depois dos 59 anos completos e ainda com alguns meses distanciados, me disse, temeroso”.
Já o escritor Antônio Callado pergunta-lhe sobre o porquê de tanto empenho em se eleger para a Academia, ao que Rosa responde:
“O enterro, meu querido, os funerais. Vocês, cariocas, são muito imprevidentes. A academia tem mausoléu e quando a gente morre cuida de tudo”.
Memória (Posse de Guimarães Rosa na ABL)
Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.
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