Artigo (A supremacia do caráter)

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O caráter pode ser traduzido por vários sinônimos. Entre todos, escolho a firmeza. A firmeza com a qual se atua, de como se portar, perpetua na memória coletiva.
Nas repartições públicas, no exercício governamental e até no lar, líderes podem perder o poder de delegar, pelo simples fato de praticar indecências dentro ou fora do ambiente. É um simples exemplo em curta escala. Serve para analisarmos os maiores.
Em ambientes pequenos ou no governo, erros são inaceitáveis e vistos como “fraqueza” da parte do líder. Embora as pessoas também sejam tendenciosas a terem desvios de caráter, costumam usar como desculpa o abalo ético alheio para praticarem, à solta, suas imoralidades. É a perca do senso de responsabilidade, o aval oficioso da corrupção, a “oportunidade de alavancar o sucesso na carreira, regado de benesses, luxúria e grana a perder de vista”. É a sonhada “lavação da burra”.Mas, o que vem a ser a “lavação da burra”? O poeta e professor de filosofia Ângelo Monteiro descreve melhor esse tipo de reação do caráter (ou a falta dele) em seu Tratado da Lavação da Burra, contido no livro de ensaios Escolha e Sobrevivência, coletânea de sua autoria.
Diz o respeitado ensaísta que o brasileiro vive à caça da sonhada “burra” para lavá-la. Traduza o leitor esse pensamento como lhe convier. Para mim, é a autorização momentânea para atuar fora de si mesmo. De pôr a estrutura de benefícios coletivos a favor de um grupo reduzido de pessoas, inclusive cada qual em particular.Depois disso, o caráter some. O próximo passa: da união do pensamento do grupo, surge uma nova concepção do que é ética, caráter e responsabilidade. É quando entra em ação um “exército” com a tarefa de inverter a verdade. A verdade? Que verdade? A única explicação plausível, agora, é que há a conspiração “maldosa” da sociedade em busca de provas contra pessoas a quem consideram corruptos, mas que são “inocentes”.
O “exército” imediatamente trata de acusar pessoas por seus atos criminosos. E, na sua ética particular, destila ódio contra quem não enxerga nele o modelo transformador de uma sociedade conservadora numa “igualitária”. Na nova fase, as pessoas até que tentam, mas não se sabe a que lugar irão. Não há certezas, porque a chancela da corrupção roubou o bom senso e a firmeza do caráter. A postura “politicamente correta” é a única coisa que qualquer babaca sabe cobrar de um ser humano sensato.Nessa guerrilha, cada grupo é estranho ao outro. Ainda assim, prevalece a ausência de ideias sólidas. Isso será resolvido, quem sabe, quando os “politicamente corretos” descobrirem que o caráter é sempre caráter, independente das imoralidades praticadas na surdina virem à tona ou não.

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