Concretismo é a teoria dos signos, fundada pelo filósofo e matemático americano Charles Sanders Peirce, seguida por Charles W. Morris e, no Brasil, encampada por Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto Campos.
O caminho das novas linguagens deu aos três últimos, o título que, talvez, em outra condição não teriam: poetas. Não se pode negar, dentro de uma análise honesta, que a intelectualidade brasileira deve muito ao trio. Décio foi ensaísta, tradutor, contista e professor. Haroldo foi tradutor, crítico e ensaísta; enquanto Augusto é tradutor e ensaísta. Poetas, na essência da palavra, há dúvidas. Cada folha em sua árvore. Uma coisa não macula a outra, mas pesa negativamente. Não ignoro quem goste do Concretismo, mas meu conceito sobre poesia, ainda que grotesco, exige mais. É preciso haver qualquer dose de simbiose e o poder de revelação em cada verso. E, para mim, o Concretismo não tem. Vamos lá: digam-me os leitores o que pode haver de poesia nesse desmonte de palavras do Décio: “beba coca cola/ babe cola/ beba coca/babe cola caco/caco/cola/ c l o a c a”. Os críticos dessa invencionice a chamam de poema, mas onde está o enredo? Trata-se de peça publicitária. Teoricamente a ordem das palavras desperta o desejo de ingerir a bebida, mas, na prática, o consumo diário da coca esfarela os ossos. O que há, na verdade, é muita política do compadrio entre os intelectuais que espumejam de raiva ao admitir que fora de seu convívio existe literatura da melhor qualidade.
Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e Jorge de Lima seleção imbatível da literatura. Há diferença entre ser poeta e sonhar em ser poeta. Segundo Mário Quintana, “um bom poema é aquele que lê a gente e não a gente a ele”.
Resenha literária (Concretos e (in) concretos)
Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.
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