Entrevista com Jorge Petribu

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O empresário Jorge Petribu gerencia um dos mais importantes grupos da indústria sucroalcooleira do Brasil, a Usina Petribu. Jorge é o responsável por conduzir a empresa que tem mais de dois séculos de existência em Pernambuco, e que atua em outros estados brasileiros. A Petribu está localizada entre os municípios de Lagoa de Itaenga e Carpina. Na entrevista a seguir, Jorge Petribu fala de política e economia.

Quebra-Regras - O senhor pretende entrar para a política partidária?
Jorge Petribu - Surgiu de um comentário com amigos, mas nunca afirmei que seria candidato a cargo político algum. Deixando meu trabalho na usina, ao completar meus 60 anos, o que pretendo é me dedicar a uma causa social. Tenho que me dedicar exclusivamente à usina. O setor sucroalcooleiro no Brasil passa por um momento muito delicado, muito difícil. Então, jamais eu poderia desviar o foco do trabalho, de minha base de sustento e de mais de cinco mil funcionários, para me dedicar à política. Não há a mínima condição para isso.

QR- O senhor afastou-se um pouco da direção da usina?
JP - Quis tirar um tempo para conhecer o estilo de vida do povo americano que eu acho um país que tem um crescimento, mesmo em épocas de crise, bem maior que o do Brasil. Trata-se de um povo trabalhador e, por isso, eu precisava conhecer a qualidade de vida do povo dos Estados Unidos para ver o que é que eu poderia trazer de conhecimento para meus funcionários, meus colegas de trabalho, pra região, e ver de que forma poderia contribuir com isso. Foi um aprendizado. Visitei 18 Estados americanos e vi a parte de educação, de construção de estradas, planejamento de cidades. Então, foi muito proveitoso e didático para mim.

QR- Qual a sua avaliação do atual quadro político-administrativo do país?
JP - Esses escândalos aí... Não dá pra admitir, por exemplo, que um prefeito tire seu salário e falte o do professor. Se o professor pode viver sem o salário, ele também pode. Então, o gestor deveria dar o exemplo. Pode ser que a prefeitura passe por dificuldades. Mas se não tenho dinheiro para pagar ao meu funcionário, eu também não posso receber. Esse seria meu gesto de solidariedade com o meu povo. Estaria partindo de frente. Se eu não tenho dinheiro para construir um hospital, não posso comprar um avião novo, nem um carro de luxo para me deslocar. Essas inversões de valores existem de norte e sul do País, não só nas cidades da nossa região. Eu acho que o bem público deve ser tratado com muito mais respeito do que o bem privado, porque é o dinheiro de todos. Em conversa com políticos amigos, eu disse recentemente. Para mim, o que encantou nos Estados Unidos, é que as construções de estradas não têm placas de governo de nenhuma esfera. Tem escrito o seguinte: “essa obra custou tantos milhões de dólares, é o seu dinheiro que está sendo gasto”. Então, ali é o dinheiro da população. Não é uma obra de se botar uma placa foi o governo tal. Foi não. Aquilo ali foi o dinheiro de todos. Esse respeito ao cidadão, ao dinheiro público...
QR- Como anda o setor sucroalcooleiro?
JP - Não é só o Estado. Você tem grupos como a Odebretch que teve prejuízo de 1 bilhão de reais no setor sucroalcooleiro. O setor está sofrendo devido à política econômica do governo. O grande responsável pela crise nas usinas, chama-se a política de combustíveis do Brasil em termos gerais. Essa história de subsidiar a gasolina em detrimento da Petrobrás se endividar, isso tornou-se uma falsa realidade e o álcool acompanha isso. Não pode subir e, por conta disso, você tem hoje no Brasil preço de cinco anos atrás no álcool. Agora teve aumento de preços, de impostos, salários, fertilizantes, energia e tudo. Outro dia eu perguntei a um camarada: - já pensou se eu chegasse e dissesse; “você vai ganhar um terço do salário que ganhava a três anos”. Ele disse: “eu não vivia”. Então, é com essa situação que estamos vivendo.

(Publicada originalmente no jornal Voz do Planalto)

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