Uma narrativa moderna com teoria bem
resolvida sobre o amor. Assim é o livro Para
Sempre, de Ana Maria Machado. A autora conta histórias paralelas de casais,
em relatos viscerais, e se apodera de detalhes minuciosos sobre a vida das
personagens.
O
enredo prova que sim; o amor encontra-se vivíssimo. E, para surpresa de todos,
pode afluir a qualquer momento - inclusive de surpresa-, pegar desavisados que
com ele dialoga e os levar a repartir alegrias e dor na harmonia a dois.
Trata-se do amor descrito sem rodeios, mas com o mesmo grau clássico, em que,
dissimulado, arrebenta corações.
Para Sempre trata das coincidências no encontro entre duas pessoas, a paixão e os
relacionamentos maduros. Nelson e Susana, Antônia (filha do casal) e Daniel,
estão num patamar idêntico com relação a viver um romance eterno. Nelson e
Susana se conheceram no interior de Minas Gerais, nos anos 40. O casal teve
vários filhos, entre os quais surge a nova personagem do enredo. Se amaram
muito, sofreram e lutaram juntos. Por causa de um deslize de adultério por
parte de Nelson, a esposa não pôde suportar, embora o relacionamento tivesse
inúmeras recompensas. Nelson era o tipo do esposo que permitia à amada escolher
o filme a ser assistido, contrariando os costumes da época. “Não há maior mito
sobre o amor do que o que desdenha a impossibilidade de ele durar para sempre”,
diz um comentário. Não fossem os obstáculos, quem sabe? No hospital, em
profunda solidão, sem receber a atenção da atual companheira, Nelson percebe
que o amor verdadeiro - e que não se desonera-, é mesmo o da mulher com quem
viveu desde a juventude. Susana morreu amando-o e ele também à esposa.
No
caso de Daniel e Antônia, o adultério foi o estopim. Eles se viram pela TV,
antes de se conhecerem pessoalmente. O amor entre os dois tinha tudo para ser
eterno, caso a traição de Daniel passasse por longe. Mas, infelizmente rondou a
vida dos dois e o fez abandonar seu amor ideal.
O
amor posto à prova pelo menos tenta resistir ao adultério, ao tempo e às crises
normais de qualquer casamento. Com habilidade, Ana Maria Machado cativa o
leitor, discute as facetas do amor, entrelaçando a história com menções a
outras peças literárias. Enfim, fica a grande questão debatida pela autora: é
possível amor eterno nos dias de hoje? S.V.
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